publicado em 01 de setembro de 2006
Buscar a nós mesmos, perguntaríamos: a quem?
À personalidade terrena que sustenta um corpo e se articula neste meio denso, que pensa e exige tanto das almas?
Como buscar a nós mesmos se, por muitas vezes, não paramos para pensar quem somos e o que fazemos nesta existência? Como buscar se, na grande maioria das vezes, estas interrogativas se alicerçam somente na materialidade e em suas obtenções?
Sim, buscar a nós mesmos exige já uma largueza espiritual, a saber, que não só nos retemos neste corpo denso, mas, também, no emocional, que nos expõe em Espírito.
Aliás, buscar a nós mesmos exigirá uma penetração no ser que se traz sob manuseios espirituais e íntimos, este ser que tenta bifurcar-se nas ilusões e composições momentâneas, esquecendo-se de que, nestas bifurcações, estão estradas de luz e verdades, estradas por onde passam criaturas dispostas a se sacrificarem por outras tantas almas, criaturas que se dispõem a deixar Deus encaminhá-las, sem se rebelarem contra os desvios de caminhos ou propostas modificadas por desejos descabidos ou voluntariedades perniciosas e obliteradas, demonstrando, nitidamente, falta de percepção e incultura espiritual.
Buscar a nós mesmos será olharmos e observarmos nossos pensamentos e ideais. Como penso, o que penso, o que pretendo? Como vejo meu irmão, minha mãe, pai, filho ou filha? O que sinto em relação a cada um deles: amo a uns, tenho dificuldades com outros, sinto-me irritadiço em diálogos com alguns deles, abraço um ou outro e completo-me?
Sim, estas observações nos mostrarão o que sentimos e como somos. Mas, talvez digam: _eles é que me fazem ser desta ou daquela maneira, ou, eu não sou assim, sou forçado a reagir e me manifestar de uma forma, muitas vezes, diferente do que desejo, não é?
Na verdade, estas reações trazidas à tona por toques fortes de almas, que convivem conosco, nos expõem, intimamente, fazendo com que, por diversas vezes, nós mesmos nos choquemos com nossas reações, reações estas que vêm do fundo de nosso ser, de nosso Espírito, desta realidade que precisa ser educada e equilibrada.
Buscar a nós mesmos exigirá que estabeleçamos uma constante vigília em pensamentos e atitudes, a não ultrapassar limites: os nossos e os de irmãos de caminhada. Exigirá de nós uma força de vontade muito grande, de avaliações diárias e da firmeza na modificação de nossa postura humana e espiritual.
Olhemos dentro de nossos olhos, no reflexo do espelho, quando nos observarmos às primeiras horas do dia, não só a alimentar a vaidade no envolvimento de cremes e alisamentos dos cabelos, ou mesmo na manifestação dos contornos dos corpos que se envolvem em roupagens modernas e combinadas, mas muito mais, auscultemos o ser que se camufla, muitas das vezes, a esconder dos outros irmãos a timidez, o orgulho, a ganância ou a tentar ofuscar intenções não tão honestas e sinceras.
Olhemos a nós mesmos em profundidade, num treinamento amplo, para que, ao nos transportarmos aos planos espirituais, após o desencarne, não nos choquemos com o ser que irá expor-se diante de nós, numa postura espiritual nítida, constante e verdadeira, sem as máscaras ilusórias com que estávamos habituados a nos mostrar na vida terrena, mas lançando a exteriorizações a nossa própria realidade íntima. Estes seremos nós, o ser que tentou fugir e se mascarar a olhos densos, mas, que não poderá fugir dos efeitos e conseqüências de ilusões, inverdades e da própria imaturidade espiritual.
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