Texto do site: www.paulodetarso.org.br
Não são poucas as reportagens contendo visões equivocadas do Espiritismo, o que chega a ser natural, uma vez que a mesma denominação é erroneamente utilizada para indicar diversas religiões afro-brasileiras, pelo simples fato de haver comunicação com os espíritos. Curiosamente, o sincretismo entre religiões africanas trazidas pelos escravos e o catolicismo é que formou essas novas vertentes, que nada têm, desde a origem, com o Espiritismo. A utilização de imagens e altares é prova inequívoca, uma vez que tais figuras são ausentes na Doutrina Espírita.
O nome Espiritismo foi dado pelos espíritos quando da codificação feita por Allan Kardec. Logo, não deve ser utilizado para designar outra religião. Além disso, a comunicação com o plano espiritual está longe de ser o principal aspecto da Doutrina Espírita, que é o amor ao próximo, representado com ênfase na caridade.
Em determinada oportunidade, uma revista falou que o Espiritismo trazia conforto porque, como havia comunicação com os mortos, o desencarnado manifestava-se para a família, mostrando-se vivo e bem. Embora, de fato, por diversas vezes seja possível a comunicação com entes queridos que deixaram a carne, isso está longe de ser a regra.
O conforto que o Espiritismo traz está em sua Doutrina, que dá nova luz aos ensinamentos de Jesus. Estuda-se a vida após a morte e, especialmente pelas obra de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier, tem-se uma noção mais clara do plano espiritual. Pela reencarnação é possível entender o motivo dos sofrimentos e, por conseguinte, aceitá-los, o que não quer dizer conformismo, pois o trabalho incessante pelo aprimoramento é mandamento básico. Também, por não aceitar que um castigo possa ser eterno, o espírita sabe que o Pai sempre concede nova oportunidade, embora ciente de que o resgate das faltas é penoso.
Após o desencarne, o espírito costuma viver momento de perturbação, uma vez que o desenlace do corpo, ainda que não necessariamente doloroso, é complexo. Assim, não basta “invocar” um espírito, o que deve ser evitado, ou aguardar que se manifeste espontaneamente, é necessário que ele esteja pronto para isso. A questão é ainda mais séria porque diversos espíritos infelizes, denominados “zombeteiros”, podem aproveitar o desejo da família de ouvir o ente querido e se passarem por ele, inclusive dando conselhos falsos e, como já há inúmeros casos registrados, arruinando a família.
Outro ponto importante é a questão do mérito, tanto do desencarnado quanto do encarnado. Para que um desencarnado possa comunicar-se com encarnados, trazendo conforto aos familiares, é preciso que mereça, ou seja, que pelo que fez em vida tenha conquistado esse direito. Quanto aos encarnados, ocorre o mesmo, e ainda que o desencarnado possa comunicar-se, se os encarnados não merecerem, muitas vezes não haverá contato.
Nada mais comum que um espírita que jamais teve notícias de entes queridos desencarnados, e nem por isso há revolta ou desolação. A Doutrina dos Espíritos traz o conforto que se precisa, ensinando que o Pai sempre está conosco, e que a vida corpórea é uma passagem necessária no caminho da evolução.
Na luta diária, à vezes somos brindados com a manifestação de um ente querido, ou de um irmão amigo que desconhecemos. Esses momentos são de grande alegria, e estimulam a continuidade do trabalho, mas o mais importante é a certeza de que, vendo ou não, as pessoas que queremos bem estão ao nosso redor, sussurando intuições benéficas, e nos amparando na jornada.
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