Mesmo após 150 anos do Espiritismo, ainda precisamos dedicar muita atenção à máxima “Fora da Caridade não há salvação”. Se nos remetermos ao capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo que trata deste assunto, podemos observar ensinamentos muito interessantes que condizem com o significado de voluntário extraído do dicionário – “Voluntário: 1. Que age espontaneamente. 2. Derivado da vontade própria; em que não há coação; espontâneo”. Ensinam-nos os Espíritos no capítulo supracitado: “Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. (...) Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação”.
Ler frases tão bonitas e cheias de conteúdo é muito fácil; podem até gerar uma reflexão passageira que apenas fica dentro de nossas mentes e nos faz imaginar como o Cristo foi importante para a nossa reforma íntima. Entretanto, é preciso exercitar a caridade, fazer algo pela própria vontade, que exija dedicação, esforço e desprendimento para sermos recompensados por uma alegria indescritível, um sentimento de utilidade e de missão cumprida.
Quando comecei a freqüentar o Centro Espírita Paulo de Tarso, pude notar em vários rostos estes sentimentos gerados pelo trabalho voluntário. Passei dois anos freqüentando a juventude e nada mais, ainda era muito preocupada com a minha vida e o meu tempo; apesar disso, observava o devotamento e o amor aos quais jovens da minha idade, alguns até mais novos, superavam-se para passar ensinamentos do Cristo às crianças da Evangelização. Reparava nas mães e pais de família que separavam um tempo de sua semana para preparar aulas sobre a Doutrina, acordar cedo aos sábados e deixar de ficar com a família para doar seu tempo aos alunos evangelizandos, deixando transparecer muita satisfação e responsabilidade no que faziam. Nesse mesmo ambiente, percebia a logística que os dirigentes faziam para que todas as turmas tivessem aulas, lanches, passeios divertidos; e mais, ainda era muito visível o compartilhamento das responsabilidades e a amizade construída entre os trabalhadores para ninguém ficasse sobrecarregado. Ao ouvir as pessoas conversando em grupos, via a empolgação daqueles envolvidos com a Campanha Auta de Souza, a qual arrecada alimentos para a cesta básica, e pensava no desprendimento de acordar cedo num domingo para bater de porta em porta divulgando o Movimento Espírita e arrecadando alimentos. Observar tão de perto o trabalho dessas pessoas, o qual era feito com o sentimento puro de ajuda ao próximo, me fez repensar minhas ações e perceber, com certo pesar, o tempo que eu já havia perdido presa no mundo hipotético que girava ao meu redor.
Começar a evangelizar foi o pontapé inicial, e agradeço muito ao CEPT, que me deu essa oportunidade. Cada dia de evangelização se tornou um dia diferente e inesquecível; toda semana, preparávamos a aula, dividíamos tarefas, pensávamos em algo diferente para tornar a aula mais divertida e íamos para sala com o ânimo de ver sorrisos ansiosos pela historinha nova que iríamos contar. O trabalho voluntário é apaixonante... Gostaria até que este “click” tivesse ocorrido alguns anos antes, pois ajudar ao próximo me tornou uma pessoa mais sensível, mais prestativa e menos egoísta. Neste mesmo ano, tive a oportunidade de conhecer uma ONG, denominada Sonhar Acordado, que estava iniciando seus trabalhos em Brasília e pude compartilhar com outros vários jovens a experiência do voluntariado.
Ser voluntário no Centro e numa ONG, na atual conjuntura, que envolve faculdade, cursos, estágios e trabalhos, é algo prazeroso e gratificante; posso até dizer que é uma fuga da rotina, uma experiência nova a cada dia e uma ferramenta para trabalhar as virtudes e os defeitos inerentes a qualquer ser humano. Confesso que exige bastante organização e abnegação; porém, a certeza de que é o trabalho que edifica, faz com que eu tenha orgulho de ser voluntária. Junte-se a nós!
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