Fenômenos objetivos e fenômenos subjetivos
Cairbar Schutel
Publicado na RIE em setembro de 1933
O Espiritismo veio chamar a atenção dos homens para uma série enorme de fenômenos comprobativos da Imortalidade que, desde tempos imemoriais, manifestam-se por todo o orbe terráqueo.
O Espiritismo não inventou, absolutamente, tais fatos, mas o seu papel, no conceito inteligente daqueles que procuram estudar “o porquê das coisas”, não passa do de um descobridor, como tantos outros que se têm apresentado, no cenário mundial, para mostrar aos homens o que eles, por estreiteza de inteligência e cegueira espiritual, não podiam ver.
Assim tem acontecido, em todos os ramos dos conhecimentos humanos: Colombo não inventou a América, nem Galileu o movimento da Terra, assim como não foi Bell que organizou o funcionamento dos nervos espinais e nem Young que deu vibrações à luz; esses grandes espíritos, cujo arrojo soube enfrentar os apodos dos ignorantes, não passaram de reveladores de fenômenos que pareciam não existir às inteligências embrionárias.
Tal também é a missão do Espiritismo, magnificamente desempenhada por Allan Kardec: revelar à humanidade fenômenos que, apesar de haverem existido, em todos os tempos, passavam despercebidos ou então eram incluídos no número dos milagres e dos casos sobrenaturais, sem uma explicação plausível, e desnaturados, portanto, do seu fim providencial.
Esses fenômenos, catalogados hoje, e inteligentemente sistematizados como uma das grandes prerrogativas da ALMA, estendem-se a um campo vasto de ação que constitui o ANIMISMO e o ESPIRITISMO EXPERIMENTAIS.
Foram justamente esses fatos que deram ao ilustre Missionário as chaves dos grandes problemas, cuja solução tem sido objeto de estudo dos sábios e dos filósofos de todas as eras e de todos os países.
A Nova Psicologia, como se vê, constitui um tesouro inesgotável de conhecimentos oferecido a todos os homens de boa vontade, por uma copiosa fenomenologia, susceptível de reprodução, desde que nos coloquemos debaixo das leis necessárias à sua manifestação, pois, além de tudo, proclamando o livre-exame, todos esses fatos estão sujeitos ao experimentalismo científico que vem comprovar a sua veracidade.
Os fenômenos psíquicos abrangem, portanto, no Experimentalismo Espírita, os dois ramos de manifestações: as anímicas, ou sejam, produzidas pelos vivos, e as manifestações dos chamados mortos.
Essas manifestações, a seu turno, compreendem as duas ramificações referidas: objetivas e subjetivas.
No íntimo de todos estes fatos, que vêm despertar a humanidade para o estudo do “EU” e de uma outra vida, sem dependência dos órgãos carnais, realça a existência da alma e sua sobrevivência, como o fator exclusivo e essencial de todos esses fenômenos, cuja explicação ultrapassa muito a todas as concepções humanas.
Os fenômenos objetivos são os que constituem as experiências de laboratório: podem ser pesados, medidos, fotografados e moldados.
Os fenômenos subjetivos, que nenhuma ação têm sobre a matéria, escapando, portanto, ao controle dos nossos órgãos sensoriais, são a leitura e transmissão de pensamento, a visão e audição à distância, a intuição, a incorporação, a glossolalia, etc.
A investigação e o estudo desses fatos não exige, como pensam alguns, aparelhos complicados, mas somente um instrumento humano, o médium, um indivíduo dotado de faculdades particulares.
Aqueles que desejarem obter tal ou qual fenômeno, claro está que precisam procurar um médium dotado de tal prerrogativa.
Foi assim que William Crookes, Russel Wallace, César Lombroso, etc., etc., conseguiram os resultados necessários para a constatação dos fatos.
A experimentação espírita faculta a crítica severa, mas exige também que essa crítica seja substanciosa, cheia de conhecimentos, razoável. Os mesmos métodos adotados pela ciência, para o exame e investigação dos fatos que lhe servem de fundamento, devem ser aplicados na pesquisa dos fenômenos espíritas e anímicos, mas é preciso que se compreenda que são esses fenômenos oriundos de inteligências livres, revestidas de poder, mas também de vontade própria para uma ação qualquer.
Enfim, o Espiritismo, com o seu enorme cortejo de fatos, abriu à humanidade um campo novo, que lhe fora vedado pela ciência oficial e pelas religiões dominantes.
Apresentando a alma como a causa de todos esses fenômenos psíquicos e sensoriais, referendados na história e verificáveis hoje por qualquer pesquisador, o Espiritismo se constituiu o verdadeiro pegureiro que nos conduz aos altos cometimentos que são o apanágio da Verdade.
Graças à sua ação constante cheia de sabedoria, o homem pode saber donde veio, quem é e para onde vai. Quando ele chegar a despertar, no silêncio majestoso do Infinito, constatará a pujança dos Ensinos Espíritas e compreenderá que o tempo que mais aproveitou, no mundo, foi o que dedicou ao estudo da alma, sob o influxo da Nova Psicologia que abre a todos as clareiras do invisível para nos mostrar a Vida na Eternidade.
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