Octávio Caúmo Serrano
Vemos, lemos e ouvimos, todos os dias, sobre as tragédias humanas: alguém foi morto, sequestrado, violentado ou enganado. Passamos pela notícia, rapidamente, lamentamos e “viramos a página”.
Logo depois, saímos em busca de alguma nota que seja mais agradável. Esquecidos, quase que instantaneamente, do que era desagradável, sorrimos e nos alegramos, descontraídos. Como a moça do jornal da TV que, após informar sobre a catástrofe que deixou centenas de mortos, muda de personagem e sorri, naturalmente, porque a notícia seguinte é sobre carnaval ou futebol.
Somos meros espectadores, diante dessas manchetes, até que, um dia, lamentavelmente, nós somos as manchetes. Não temos imunidade contra o sofrimento e nem privilégios em relação a ninguém. A única coisa que nos garante uma felicidade relativa é o merecimento que venhamos a ter pelo bem que fizermos, o que nos reservará, pela justiça da Lei Divina, alguma proteção.
Por que é assim que funciona? A resposta é que precisamos desses impactos, para ter uma sensibilidade que ainda não incorporamos e saber que o mal dos outros dói tanto quanto o nosso. Daí ser preciso que sejamos manchete, de vez em quando, porque a experiência pessoal é a única forma de aprender que precisamos ser solidários.
Será que o mal é necessário para que aprendamos? Necessário não, mas importante, no estágio em que nos encontramos, já que ainda vigoram, em nós, o orgulho e o egoísmo como defeitos de raiz. Nossos males são sempre os maiores, nossas doenças as mais graves e doloridas, e a ingratidão que nos chega é sempre injusta e nunca ofendemos, segundo os outros entendem. Jamais fazemos algo por maldade; os outros é que não nos compreendem. Lamentavelmente, quando julgamos as atitudes dos outros, pensamos de maneira inversa. Ofenderam; e ofenderam mesmo!
Quando a manchete estiver à nossa frente, paremos e pensemos no que podemos fazer para ajudar ou até que ponto nós contribuímos para o acontecimento. Se, no caso em questão, nenhuma culpa nos cabe, pode haver situações em que nosso comportamento diante da vida crie problemas para outras pessoas. Mesmo involuntariamente.
Aproveitemos a manchete para autoanálise e aprender o que devemos e o que não devemos fazer; e nunca para censurar quem quer que seja. E vamos em frente!
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